"Artur Rodrigues - Rogério Pagnan - Rubens Valente SÃO PAULO COLUNISTA DO UOL Ao longo do último ano, a Folha analisou cem casos de pessoas presas injustamente no país. Os episódios foram colhidos aleatoriamente, por meio de pesquisas junto a advogados, Defensoria Pública, ONGs que atuam na área judicial e notícias publicadas na imprensa. Todos os casos foram checados por meio de conversas com as vítimas dos erros, seus advogados ou busca em arquivos judiciais. Embora as prisões injustas tenham causas múltiplas, em cada caso, a reportagem elegeu um motivo que considerou o mais importante naquela prisão. Abaixo, clique nas imagens dos presos injustamente para saber mais sobre suas histórias. 10 ANOS OU MAIS EUGÊNIO FIÚZA QUEIROZ › Artista plástico › Minas Gerais › falha reconhecimento incorreto › SOLTO APÓS 17 ANOS Alvo de um dos maiores erros da Justiça brasileira, o artista plástico Eugênio Fiuza foi preso acusado de ser o estuprador conhecido como “maníaco do Anchieta”, em 1995, em Belo Horizonte, e passou 17 anos preso injustamente. Ele foi detido quando conversava com a namorada em uma praça, após ser reconhecido na rua por uma vítima de estupro –oito vítimas o reconheceram na ocasião. Ele relata ter sido torturado vários dias para confessar o crime. “Me bateram, me penduram em pau de arara, colocaram saco plástico na cabeça”, disse à Folha. Na primeira noite que passou na prisão, outros presos o rasparam com lâmina de barbear, gerando ferimentos por todo o corpo. Mesmo estando atrás das grades, Fiuza teve de lidar com suspeitas da polícia de que continuara cometendo crimes contra mulheres. Em 2012, uma vítima reconheceu outro homem, Pedro Meyer, na rua, o que foi o estopim para a reabertura do caso. Após revisão do caso de Eugênio, ele foi inocentado. Na Justiça, ganhou direito a indenização de R$ 2 milhões. 5 A 9 ANOS PAULO ANTÔNIO SILVA › Porteiro › Minas Gerais › falha reconhecimento incorreto › SOLTO APÓS 5 ANOS O porteiro Paulo Antonio da Silva foi acusado de crimes que teriam sido praticados por um estuprador que agia em série em Belo Horizonte. Paulo foi reconhecido e condenado por dois estupros. O caso dele foi revisado e ele declarado inocente após uma série de vítimas de estupro reconhecerem outro homem, Pedro Meyer, como sendo o autor dos crimes e apontado como o “maníaco do Anchieta”. Outro inocente, Eugênio Fiuza, passou 17 anos preso acusado de cometer os crimes que depois foram atribuídos a Meyer pelas vítimas. 1 A 4 ANOS ALDECI MADEIRO DE ARAÚJO › Ajudante geral › São Paulo › falha identificação incorreta › SOLTO APÓS 2 ANOS Ajudante geral Aldeci Madeiro foi preso por um crime pelo qual seu irmão havia sido condenado, um latrocínio que aconteceu em 2002. Ao ser preso, o irmão apresentou documento de Aldeci e, posteriormente, conseguiu fugir. Em 2012, sem conseguir tirar atestado de antecedentes criminais, Aldeci foi até a delegacia em São Paulo, onde morava, resolver a questão. No entanto, por constar como procurado, ele acabou sendo preso. O ajudante passaria os próximos dois anos tentando provar que não era o irmão e mandando cartas para autoridades pedindo ajuda, o que incluiu até a então presidente da República, Dilma Rousseff (PT). A lentidão da Justiça foi maior devido ao fato de ele estar preso por um processo de outro estado. Quando ele já havia sido transferido para a Bahia, uma desembargadora acabou recebendo uma dessas cartas e agilizou seu processo de liberdade. Posteriormente, segundo ele, o irmão acabou preso pelo crime. 7 A 11 MESES ATERCINO FERREIRA DE LIMA › Vendedor › São Paulo › falha testemunho falso ou inconsistente › SOLTO APÓS 11 MESES Vendedor Atercino Ferreira de Lima foi acusado de abusar dos filhos em 2004, em São Paulo. Em 2017, passou 11 meses preso. Posteriormente, ele acabou inocentado após os filhos admitirem que mentiram na ocasião, em meio a espancamentos, por ordem de uma amiga da ex-mulher. O caso foi revelado pela Folha e depois encampado pela ONG Innocence Project Brasil, que pediu revisão criminal. 1 A 6 MESES MICHEL SILVEIRA › Agente de saúde › São Paulo › falha reconhecimento incorreto › SOLTO APÓS 3 MESES O agente de saúde Michel Silveira foi preso após ser apontado por uma vítima como autor de um roubo em 2011, em São Paulo. A vítima viu o rapaz passando de carro na rua, anotou a placa e entregou a informação à polícia. O rapaz acabou preso. Imagens do circuito de câmeras da unidade básica de saúde onde ele trabalhava mostraram, porém, que ele estava no trabalho, onde também tinha assinado ficha de frequência. MENOS DE 1 MÊS VINÍCIUS ROMÃO › Ator › Rio de Janeiro › falha reconhecimento incorreto › SOLTO APÓS 16 DIAS O ator Vinicius Romão foi preso acusado de roubar a bolsa de uma mulher em 2014, no Rio. Rapaz foi abordado por policial e apresentado para reconhecimento da vítima de roubo, que o considerou parecido com o ladrão, sem que fossem seguidos padrões recomendados para reconhecimento, como colocação do suspeito na sala ao lado de pessoas parecidas. Preso em flagrante, ele ficou detido mesmo sem nenhum objeto que o ligasse ao crime. Posteriormente, segundo o processo, a vítima se retratou sobre o caso e disse que tinha dúvidas sobre o reconhecimento feito. Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer." Fonte: http://temas.folha.uol.com.br/inocentes/erros-de-reconhecimento/veja-cem-historias-de-prisoes-injustas-no-pais.shtml
top of page
Search
Recent Posts
See All“Os pais são o contraponto da fragilidade e da insegurança em que está irremediavelmente imersa a criança, com seus medos e desvalias. Os...
30
A questão da responsabilidade penal de menores é um tema complexo e multifacetado, que suscita debates acalorados tanto no âmbito...
180
O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, é mais do que uma data comemorativa, é um momento para refletir sobre as...
50
bottom of page
Comments